sexta-feira, 25 de janeiro de 2013

O menino que não queria crescer.
Escritor Jardiel Lucas - 11 anos

Em uma cidade cheia de problemas havia um menino que era totalmente despreocupado ele só observava os problemas dos adultos, dinheiro, casamento, trabalho, filhos e que viviam a se preocupar.  
            Mas esse menino pensava em nunca crescer e nunca na vida ter problemas.
            Mas ele não observava que a vida não espera ninguém. E ele cresceu. Porém continuou a viver despreocupado. Um dia sua mãe faleceu e ele ficou sozinho no mundo. E foi aí que ele percebeu que a vida às vezes não dá segunda chance às pessoas.
Jardiel Lucas é muito participativo. Colabora com os colegas na elaboração dos textos com boas ideias. Seus textos seguem a linha da razão moral. Sempre curtinhos e com algo a ensinar. Jardiel é um dos destaques das oficinas.

quinta-feira, 17 de janeiro de 2013

Pesadelo Fatal
Escritora Luana Maria Dornelas – 11 anos

 Acordo. Olho para o céu. Tomo banho. Enfrento os cupins escorpiões na escola. Chego e janto miojo com farinha. Acordo e olho para o céu. Todo dia é assim. Um pesadelo fatal.
              
         Todos os contos publicados neste blog, principalmente dos alunos da Escola Nova Visão de Jaboatão, levaram semanas ou meses antes de serem considerados prontos. Há textos que sofreram mais de vinte revisões. O conto acima foi feito em menos de 10 minutos logo após o tema sugerido. Era um dever de casa. Saiu numa tacada só, na sala, quase um desabafo. Eu ainda distribuía os temas entre outros alunos quando escutei “Seu Fernando, tá pronto”.  Ela leu e a aula acabou. Gerou um debate que motivou muitas interpretações das metáforas que usou. Nada foi mudado no texto.
              Luana Maria abusa da criatividade. Um conto que em duas linhas escritas a mão, oito verbos, muito veloz, se passa em dois dias, escrito na primeira pessoa. Quanto mais se analisa mais se acha interpretações. Não é um conto, talvez um miniconto, talvez seja um koan.  
             Luana não quer ser escritora, diz que sente muita angústia em encontrar as palavras certas ara os turbilhões de pensamentos. Acho que a Clarice Lispector também era assim. 
Fernando Farias

segunda-feira, 14 de janeiro de 2013

O roubo no casamento – Uma história verídica
Escritora Cidinha Lima – 46 anos – Xucuru

Faz uns vinte anos, ainda trago na memória o dia do meu casamento, eu morava no sitio Quandus e casei na igreja com padre e tudo em Xucuru, distrito de Belo Jardim. Casamento marcado para as quatro da tarde, mas atrasou como sempre.
            Quando eu fui pra igreja casar a família de minha madrasta ficou em casa preparando as comidas da festa. Comprei macarrão e arroz e a carne de porco e galinha de capoeira eu já criava no  quintal.
           Eles agarraram quase toda comida e levaram pra casa do sogro do meu pai. Os convidados chegaram. Naquela época o convite era feito nos programas de rádio. Veio muita gente e pouca comida. Como estava quase todo mundo bêbado nem notaram a falta da carne.
           Eu sei que eles roubaram a comida. Eles não gostavam de mim. Queriam me escravizar. Eu trabalhava muito, arrumava a casa, lavava roupas, cozinhava e nem uma roupa para vestir eu ganhava. Até as cabras que a minha mãe me deixou elas venderam. Fiquei revoltada.
           E quando chegamos à noite só tinha osso de galinha de capoeira e eu tive que comer os ossos, pois estava com fome. Eu já tinha dois filhos com meu marido, mas a gente queria uma Lua de Mel bem bacana. Fomos dormir, com fome, mas rindo muito.

- Cidinha Lima é mãe de uma aluna minha. Agricultora, 46 anos, estudou até a quarta série primária, evangélica destas bem fundamentalistas. Este texto veio cheio de erros de digitação. Ela contou esta história pela internet e fomos conversando. É a minha primeira oficina no Facebook. Cidinha é cheia de boas histórias, algumas tristes, de uma vivência nada fácil de uma família pobre do interior. Um livro vivo. Fiz algumas correções e tive apenas o trabalho de trocar parágrafos. Ela aprovou. Publico aqui principalmente para mostrar que todos nós temos boas histórias para contar.

sexta-feira, 11 de janeiro de 2013

             
Uma barata na cidade deserta
Escritora Laura Virginia - 11 anos - 7ª. Série
Numa manhã muito cedo Dona Baratinha se acordou, saiu do buraco em que se escondia, e foi para a cidade procurar comida. Quando viu a paisagem estranhou porque estava tudo em silêncio, sem lixo no chão, o céu azulzinho, e o esgoto com água limpa. Ela estranhou e então disse: “o que estou fazendo neste lugar tão limpo? Acho que vim para a cidade errada.”
            Dona baratinha foi andando. Olhou para o lado, para o outro e para frente. Não havia carros barulhentos nem poluição. Foi quando percebeu que a humanidade tinha desaparecido.
            “Agora estou livre, leve e solta, agora posso descansar em paz, sem barulho, agora posso caçar comida sem aquela correria com medo para ninguém pisar em mim”.
             E saiu correndo para contar a seus queridos filhinhos que estavam dormindo. Dona Baratinha os levou para passear, o mundo agora era feliz e limpo sem aqueles animais que sujavam o planeta.

* Laurinha é antiga nas oficinas. Uma menininha de nove anos que ficava só observando os alunos maiores. Foi quando fizemos a primeira turma ainda em 2010, na Escola Estadual Rodolfo Aureliano.  Estava ali apenas para acompanhar a irmã mais velha. E foi chegando de mansinho até esmagar os colegas com sua simpatia e criatividade. Este conto levou um ano rondando de mão em mãos, o argumento foi uma sugestão da sua sobrinha de sete anos. Esperei até agora para a Laurinha considerar o conto terminado e permitir a publicação. Adoro este conto.


segunda-feira, 7 de janeiro de 2013


A lenda do quarto secreto.
Escritora Raquel dos Santos - 11 anos 

            Numa casa muito bonita e antiga, moravam o senhor Sebastian e a esposa Catarina, que já estavam muito velhinhos. Um dia eles morreram dentro do próprio quarto. Ninguém sabe a causa das mortes. Lucas, um filho do casal que morava no México veio ao Brasil e vendeu a casa. Quando a nova família se mudou notou que tinha um quarto interditado e perguntou ao Lucas pelas chaves. Ele disse que era um quarto secreto e que ninguém poderia abrir a porta.
        Numa noite de tempestades Felipe, o filho do casal, estava com dor de dente. A mãe preocupada disse que ao amanhecer o levaria ao dentista. Ele foi dormir e sonhou com o dentista aplicando uma enorme seringa de injeção no dente. Acordou assustado e correu para o quarto dos pais dizendo que não precisava mais ir ao dentista, mentiu dizendo que o dente havia parado de doer. Mas mãe não tem jeito. Disse que o levaria assim mesmo.
            Para se esconder da mãe, Felipe tentou entrar no quarto secreto arrombando a porta. Entrou e viu que estava muito escuro andou e caiu num buraco enorme no chão que o sugou. E o buracoe a porta se fecharam novamente.
            Até hoje ninguém sabe o que aconteceu com o menino. Um mistério. O que havia dentro do quarto?  Ficou a lenda do quarto secreto.
Raquel é a menina meiga da turma. Tem muita paciência e zelo pela ortografia. Este conto acima foi uma junção de três histórias anteriores que ela foi trabalhando e unindo. Sempre se brincou com a Raquel pela insistência ao “desaparecimento inexplicável.” Observamos uma tendência destes jovens a contos que rondam sempre o tema da morte, a desobediência e ao secreto. Aqui vemos que estes temas recorrentes estão presentes.

quinta-feira, 3 de janeiro de 2013

BALANÇO DE 2012

            Terminamos o ano com bons números. Realizamos um total de 87 Oficinas Literárias e 22 palestras em escolas públicas com crianças e jovens ao longo do ano de 2012: na Biblioteca Municipal de Jaboatão dos Guararapes, Escola Rodolfo Aureliano, SESC Garanhuns e Escola Técnica Rural de Belo Jardim. Foram mais de 500 alunos. Cerca de 3 mil textos produzidos. Vamos continuar publicando neste blog os contos e poemas dos alunos. Mas isso só foi possível graças ao apoio de algumas pessoas que compreendem o valor do trabalho e os bons resultados alcançados destas oficinas literárias.
            Se aqui fosse o final de um filme teríamos horas e horas de legendas passando nomes de verdadeiros amigos das Oficinas que tanto nos apoiaram. Nada melhor do que agradecer em nome dos meus alunos aos professores Mirtes Cordeiro, Chico Amorim, Edilene Soares, Roselma Monteiro, Alzira Sena, Pedro Rodrigo, Paula Estefânia, Wellington Pedrosa, Alexandre Rosendo, Elizabete Medeiros, prefeito Elias Gomes, André Luiz Gonçalves Pereira, Sachiko Shinozaki, Sennor Ramos, Cida Pedrosa, Marcilene Pereira, Moema Gonçalves, Maria de Lourdes Lemos,   Rita Marize, José Manoel Sobrinho e os prestativos funcionários da Biblioteca Municipal de Jaboatão, do SESC, do Rodolfo Aureliano e da Escola Técnica de Belo Jardim e professores da Escola Nova Visão em Jaboatão. Ufa! E tem muito mais gente. Agora em 2013 teremos mais novidades.
Abraços
Fernando Farias