segunda-feira, 14 de janeiro de 2013

O roubo no casamento – Uma história verídica
Escritora Cidinha Lima – 46 anos – Xucuru

Faz uns vinte anos, ainda trago na memória o dia do meu casamento, eu morava no sitio Quandus e casei na igreja com padre e tudo em Xucuru, distrito de Belo Jardim. Casamento marcado para as quatro da tarde, mas atrasou como sempre.
            Quando eu fui pra igreja casar a família de minha madrasta ficou em casa preparando as comidas da festa. Comprei macarrão e arroz e a carne de porco e galinha de capoeira eu já criava no  quintal.
           Eles agarraram quase toda comida e levaram pra casa do sogro do meu pai. Os convidados chegaram. Naquela época o convite era feito nos programas de rádio. Veio muita gente e pouca comida. Como estava quase todo mundo bêbado nem notaram a falta da carne.
           Eu sei que eles roubaram a comida. Eles não gostavam de mim. Queriam me escravizar. Eu trabalhava muito, arrumava a casa, lavava roupas, cozinhava e nem uma roupa para vestir eu ganhava. Até as cabras que a minha mãe me deixou elas venderam. Fiquei revoltada.
           E quando chegamos à noite só tinha osso de galinha de capoeira e eu tive que comer os ossos, pois estava com fome. Eu já tinha dois filhos com meu marido, mas a gente queria uma Lua de Mel bem bacana. Fomos dormir, com fome, mas rindo muito.

- Cidinha Lima é mãe de uma aluna minha. Agricultora, 46 anos, estudou até a quarta série primária, evangélica destas bem fundamentalistas. Este texto veio cheio de erros de digitação. Ela contou esta história pela internet e fomos conversando. É a minha primeira oficina no Facebook. Cidinha é cheia de boas histórias, algumas tristes, de uma vivência nada fácil de uma família pobre do interior. Um livro vivo. Fiz algumas correções e tive apenas o trabalho de trocar parágrafos. Ela aprovou. Publico aqui principalmente para mostrar que todos nós temos boas histórias para contar.

Um comentário:

  1. É assim que se faz, contar nossas histórias , não importa idade e estudo que temos, se temos o que contar , é arte e deve ser valorizado !

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