quarta-feira, 26 de dezembro de 2012

A Viúva Negra
Escritor Michel William – 11 anos – Jaboatão

            Em uma noite de trovoadas Miguel estava em um bar esperando a chuva passar quando conheceu a Karla, uma linda mulher loira. Conversaram até tarde e Miguel revelou seu sonho de ter um filho e ela contou que era viúva e sonhava casar novamente. Começaram um namoro e Miguel cada vez mais apaixonado.
            Chegou o dia do casamento, igreja lotada, viagem para lua de mel. Um casal feliz. Naquela noite, já no hotel, eles discutiram qual seria o nome do futuro filho e fizeram amor.
            Antes de o dia amanhecer, enquanto Miguel dormia, Karla ficou em pé ao lado da cama e sua pele ficou negra e brilhosa. Surgiram as seis patas aveludadas. Começou a cuspir uma gosma em forma de fios numa teia que foi encobrindo Miguel.
            A aranha saiu do quarto e saltou para as árvores na floresta. Miguel jamais acordou.
* O escritor Michel William é um atento leitor. Sua participação ativa nas oficinas deste ano foi muito importante. Sempre contribuindo com sugestões e às vezes com critica mordaz aos contos dos colegas. Mas também sabe escutar. Temos vários textos seus para publicar aqui.  A partir de uma frase que colheu de um dos seus primeiros contos Michel foi trabalhando até chegar a esta viúva negra.

segunda-feira, 24 de dezembro de 2012

A camisola e a felicidade
Escritora Patrícia Lima – 18 anos – Belo Jardim

        Houve um tempo em que mocinhas bem comportadas se casavam por amor. O vestido branco era símbolo de pureza.
       Todos os dias, nos finais da tarde, Ana Maria se trancava no quarto e ficava em silêncio. Via-se apenas a luz do candeeiro por debaixo da porta.
       Com a aproximação do dia do casamento Ana estava se dedicando a costurar o vestido branco.  Passaram-se dois dias e ela não saía do quarto.
       Quando os pais de Ana abriram a porta, lá estava o vestido inacabado e junto dele uma carta, que dizia:
       - Eu nunca me interessei por quaisquer regras dos bons costumes. Vocês sabem disso. Durante todo este tempo tentei fazer o vestido. Não consegui. Fiquei passando o ferro de brasas na minha camisola que guardei para o dia do casamento. Não preciso de um vestido para ser feliz e o meu noivo é rico e sempre vai me dar de tudo, a camisola me basta. Estou bem, se quiserem me visitar, apareçam naquela casa grande amarela onde mora meu marido que apresentei a vocês. Com amor, Ana.
      Os pais de Ana Maria decidiram visitá-la. Perguntaram por que ela tinha tomado àquela decisão de não casar na igreja, aos pés do padre.
      Ana lembrou que um dia na infância, eles disseram que quando a felicidade bate a porta, não se deve deixar escapar, “foi isso que eu fiz. A felicidade bateu na minha porta e eu a segurei, o vestido ainda não estava pronto, mas a camisola estava. Selei minha felicidade com ela mesma”.
      Muitos anos depois de vários casamentos e agora uma viúva rica, Ana Maria está com 70 anos, sempre de roupa vermelha, e vive nas estradas pilotando uma moto incrementada.

*
Patrícia Lima é aluna da Escola Municipal Luiza Leopoldina Lopes. Fica no Distrito de Xucuru, na Zona Rural da cidade de Belo Jardim, Agreste pernambucano. O conto acima, a partir da palavra “camisola”, surgiu na Oficina que realizamos outubro em apenas um dia na Escola Agrícola. Depois continuamos pela internet, via MSM, a estudá-lo. Cerca de quinze mudanças, muita paciência e só agora no dia de natal a Patrícia deu por encerrado. O que antes parecia piegas na verdade é uma provocação aos velhos e novos hábitos. Muito bom. 


sábado, 22 de dezembro de 2012

Melissa
Escritora Eduarda Vitória – 11 anos

            Melissa chegou da escola, tomou um banho, almoçou e resolveu tirar um cochilo.  Sonhou que estava num campo verde e viu uma mulher com vestido azul com desenhos de bolinhas de sabão. A mulher parecia uma fada.  Melissa perguntou o nome dela. “Meu nome é Bela”, e começou a voar fazendo bolinhas de sabão com um canudinho mágico. Eram lindas e de todas as cores.
            Melissa deu um salto e entrou em uma grande bola de sabão. E começou a voar entre milhares de bolinhas coloridas. Já era noite e cada bolinha refletia as estrelas do céu e lá em baixo viu o mar, luzes das cidades e pirâmides transparentes. E foi viajando por cima de uma floresta.
            A bola de Melissa bateu em uma arvore, estourou e ela foi caindo, caindo e caiu na cama. Acordada ela disse: “Ufa! Tudo isso só passou de um sonho engraçado”.

 *Eduarda Vitória é escritora nas oficinas há dois anos. É a calada da turma. Já escreveu muita coisa, grande parte ela jogou na lixeira. Uma perfeccionista. Adora e sofre influência dos contos de fadas. Trabalhou muito tempo este conto acima até que se livrou e aceitou publicar. Tem futuro esta menina.

quinta-feira, 20 de dezembro de 2012

Galáxias
Escritora Luana Maria Dornelas
11 anos – 5ª. Série.

Numa noite escura,
fria e deserta,
observo as estrelas.
Vejo fadas e bruxas,
príncipes e princesas.
Grandes guerreiros
com suas espadas de ferro.
Vejo anjos
com asas de arco-íris.
Em um trono, o rei.
Em seguida fecho os olhos
E lá estou eu
flutuando entre as galáxias.




* Há uma coisa admirável na Luana Maria. A criação dela é por impulso. Tempestade de ideias é com ela. Basta sugerir um tema e ela cria um conto ou um poema no mesmo instante. Depois sofre a angústia dos escritores em encontrar as palavras certas. É econômica, sem digressões, escreve por imagens e odeia a pontuação que sempre deixa para a revisão. Já tem aquela postura humilde e o olhar indiferente que esconde bem o orgulho e a vaidade de uma escritora feliz diante de um elogio e aplausos dos colegas de sala. Uma moleca travessa com textos adultos.  

terça-feira, 18 de dezembro de 2012

O Peixe Vingador

Escritora Juliana Karla - 11 anos
            Boby, um peixinho amarelo, passeava com seus pais no fundo do mar brincando entre as algas marinhas. Foi quando percebeu uma rede de pesca cair perto e prendeu a mamãe-peixe e o papai-peixe em suas linhas. Boby ainda tentou ajudar, mas a rede foi puxada com força pelo pescador.
            O peixinho viu seus pais morrerem sufocados e depois assados numa frigideira e comidos pelo pescador. Jurou vingança entre lágrimas.
            Dias depois, ele falou com uns amigos peixinhos que se uniram e ficaram esperando o pescador aparecer. Quando ele jogou a rede na água milhares de peixes entram na rede que ficou tão pesada que ao tentar puxar, o pescador caiu na água.
            Um tubarão de oito metros estava por perto abocanhou o homem e a sua rede de pesca.
            Boby ficou feliz. Tinha pescado o pescador.

 - A Juliana Karla é aluna antiga e já havia publicado no livrinho das oficinas de 2010 com o conto "A flor assassina". Em pleno período de férias escolares frequentava a Biblioteca de Jaboatão e me obrigava a ler seus longos e longos textos. Ninguém gostou do nome do peixinho deste conto. Mas para Juliana, “o peixe é meu e eu o chamo como eu quiser”. Juliana escreveu e reescreveu o conto acima muitas vezes, o que ela queria mesmo era manter a última frase. Ou seja, a última frase foi que determinou o conto.

domingo, 16 de dezembro de 2012

Quando um escritor vai ensinar numa escola e recebe uma aula de literatura dos alunos.

              No mês passado estive na Escola Agrícola Federal de Belo Jardim. Fui ministrar uma oficina com 50 jovens daquela escola. A maioria são moradores de sítios da região do Agreste. Uma proveitosa oficina de apenas um dia. Uma turma ficou comigo com o tema contos e outra sobre poemas com o poeta Miró. Voltamos encantados com a aula que nós recebemos dos alunos.
             Tivemos a oportunidade de assistir uma palestra fantástica sobre poesia com um jovem de 17 anos, David Henrique, o Biriguy, estudante da escola. Além de derramar conhecimento o que me impressionou foi o nível do debate entre os alunos que estavam na sala. Nunca vi isso numa escola do Recife, Olinda ou Jaboatão. Turminha bem antenada e de bom gosto literário. Abaixo coloco um dos poemas do mestre David Henrique. Este menino tem futuro.
 
Soneto da Transfiguração Natural
                                                           David Henrique

 Inicia-se o ciclo incandescente e cândido
Iluminando o caminho vital
Aquecendo o mundo das florestas
Andando para o tempo das flores.

O ciclo floral acontece
O sol intenso entristece
E as relvas se entrelaçavam
Comemorando a sua época.

Bela é a mudança natural!
Ocorre sempre em seus tempos
Sempre em seus lugares.

De ciclo em ciclo sempre mutável
A natureza se transforma amável
Deixando dúvidas de suas vontades.

sexta-feira, 14 de dezembro de 2012

O vampiro gay
Escritor Arthur Henrique - 10 anos - 5ª. Série
           Numa cidade pacata existia um vampiro cuja fama era de malvado e traiçoeiro.
           Morava com a mãe velhinha numa casa afastada. O vampiro nunca saía de casa.
           Um grupo de pessoas religiosas começou a espionar e desconfiar que ele chupava o sangue de pessoas e de animais na cidade. Tentaram matá-lo. Numa noite foram armados com tochas até a casa do vampiro.
            A mãe do vampiro ficou na porta e esperou as pessoas. Ela contou que o filho era um vampiro bonzinho e só tomava leite de caixinha. Chamou o filho e todos viram que ele usava um vestido cor de cor rosa e batom e brincos. Era um vampiro gay.
            Ao saber que o menino era gay e só tomava leite de caixinha todos foram para casa e o vampiro ficou feliz e saiu tranquilamente para comprar seu leite no supermercado.
 
* Creio que o Arthur Henrique é o mais é perfeccionista dos alunos desta oficina. Esquentou até a cabeça da mãe que nos procurou preocupada. Inicialmente era um texto enorme, recheados de microfones escondidos e capturas. Além da simplicidade encontrada, este texto foi debatido em sala sobre a questão: “se um vampiro é gay então não faz mal a ninguém?”. Todas as crianças oncordaram com o conceito apresentado pelo Arthur Henrique de que ser um gay é não  ser violento  não faz mal a ninguém e deve ser respeitado.



domingo, 9 de dezembro de 2012


Novos contos da Oficina Literária Fernando Farias
               O blog da Oficina Literária Fernando Farias continua a publicar uma série dos melhores contos que foram selecionados e produzidos pelos alunos da Oficina neste ano. Nestes posts abaixo mais  três contos dos alunos da Oficina realizada na Biblioteca de Jaboatão dos Guararapes: Coração, de Elizama Souza, Anjos em guerra, de Guilherme Ramos e A Galinha Pitadinha de José Roberto. Além de estimular uma boa leitura de livros e procurar escrever bem, mesmo diante de todas as dificuldades com ortografia e a pontuação, a Oficina estimular a criatividade do aluno em casa texto produzido.
                Se possível deixe suas mensagens para estes jovens escritores.

Coração
Escritora Elizama Souza – 13 anos 7ª. B
                  Era uma vez um menino chamado Pedrinho. Ele era um menino muito alegre, morava num barraco no Lixão da Muribeca e sonhava com uma vida melhor para sua família. Mas tinha uma madrasta muito má. Ele odiava a madrasta.  Ela não o deixava brincar no meio do lixo da cidade. A madrasta o queria estudando na escola e sempre limpo e bem vestido. Pedrinho não gostava da escola nem de tomar banho. Então, cansado de sua vida triste foi embora do lixão com esperanças de voltar com coisas boas.
                  Sua vida foi comer restos de comida dos restaurantes e dormir nas praças.
                  Certo dia Pedrinho estava andando nas ruas quando um carro muito bonito parou e uma mulher fina e rica saiu do carro e pegou Pedrinho. Deram-lhe um banho e comida e Pedrinho começou a se afeiçoar a família. A família também tinha um menino chamado Lucas que tinha uma doença no coração e os dois ficaram amigos. Dias depois, o pai de Lucas levou ele para fazer uns exames e levou Pedrinho junto.
                  Pedrinho foi colocado na cama de cirurgia e anestesiaram Pedrinho e Lucas e acabaram fazendo um transplante de coração.
                  O coração de Pedrinho foi retirado e colocado em Lucas.
                  Ainda anestesiado, e antes de morrer, Pedrinho sonhou que estava no lixão, indo para escola e segurando a mão da madrasta.   

            - Como podem ver o tema é muito forte. Talvez foi colhido das lendas urbanas. O tema inicial era “o menino que não queria crescer.” Este conto foi trabalhado inicialmente por outro aluno que desistiu de participar da Oficina. Elizama Souza pegou a ideia e foi trabalhando durante dias até chegar a esta maravilha. Elizama ainda quebrou o acordo da turma de não se começar um conto com o clássico “Era uma vez...”.
Anjos em guerra
Escritor Guilherme Ramos 12 anos

            Lá no céu bem perto de Jesus, dois anjos estavam brigando. Um com inveja do outro.  Jesus deu uma prova para eles: “Vão para a Terra e salvem uma vida”.
            Os dois anjos desceram, mas continuavam a brigar. Quando passaram numa grande  avenida movimentada viram uma menina de cinco anos soltar a mão da mãe e correr para o outro lado da avenida entre os carros.
            E o anjo de cor azul saltou e segurou um caminhão que vinha em alta velocidade e ao mesmo tempo o anjo branco segurou a menina e saltou com ela para a calçada. A menina pegou na mão da mãe novamente e ninguém notou o que tinha acontecido. 
            Os anjos são invisíveis. Sua bondade também. Eles pararam de brigar e Jesus os abençoou.

             - Quem ministra Oficinas Literárias tem que respeitar a religiosidade de cada aluno. Mas alguns contos morreram no caminho pelo preconceito e intolerância. Os temas são recorrentes: um pai de santo que abandona o demônio e se converte ao evangelho. Os próprios alunos rejeitam estes temas. O Guilherme Ramos insistiu na primeira e na última frase em dezenas de revisões. Nossa interferência, como ocorre na maioria dos casos é apenas na pontuação.
A Galinha Pitadinha
Escritor José Roberto - 12 anos – 5ª.  Série
              Quando eu estava passeando por uma fazenda perto de minha casa eu vi uma galinha de cor branca. Quando cheguei perto dela ela partiu pra cima de mim e deu uma bicada no meu rosto, levei um susto e caí numa poça de lama.
              Notei que ela estava ferida nos pés e mancava. Fui à casa de um amigo e lhe trouxe curativos e um galo preto que vivia no meu quintal. Voltei pra casa e eles fizeram amor a noite toda. Dias depois voltei e encontrei os ovos quebrados e muitos pintinhos pretos de bolinhas brancas e outros brancos com bolinhas pretas. Todos andavam mancando de um pezinho.
    - O escritor José Roberto passou meses com este conto engavetado. Partiu de um título comum que ele mesmo escolheu. Já tínhamos desistido da ideia quando ele chegou com a frase final que deu vida ao texto. 
   

sexta-feira, 7 de dezembro de 2012

Os melhores contos do ano da Oficina Literária Fernando Farias
           Iniciamos aqui a publicação de uma série de 50 contos selecionados e desenvolvidos pelos alunos da Oficina Literária Fernando Farias.  Inicialmente os três primeiros dos alunos da Escola Nova Visão, de Jaboatão dos Guararapes. Vamos publicar aos poucos.
             São alunos na faixa de 11 a 13 anos e demorou muito para serem “libertados” pelos alunos. Alguns contos foram alterados e revisados mais de 20 vezes até ser considerado “pronto” pelos próprios escritores.
              Muita gente reclama que o blog demora muito para publicar os textos. Mas só podemos divulgar quando os alunos permitem. Agora, no final do ano, com o fim da temporada e inicio das provas nas escolas conseguimos bater o martelo e publicar aqui uma seleção do material produzido, pelo menos um texto, por cada aluno.
                Comentários, opiniões e criticas podem ser feitos aqui livremente. Os textos em  letra azul abaixo dos contos são comentários de Fernando Farias.
Lua verde em céu azul
Escritora Gabriela Ramos
12 anos – 6ª. Série

            Um dia de lua cheia na cidade de Nova York, Dolores uma prostituta estava voltando sozinha para casa, de sapato alto e saia vermelha. Era meia noite.  Quando percebeu que alguma coisa estava se mexendo atrás do arbusto. Ela foi abrir a porta um animal verde e magro, como um besouro, soltou sobre ela. Dolores foi capturada e depois jogada dentro de uma caixa.
             Quando a caixa foi aberta lá estava um cientista velhinho e ao lado o besouro verde. Ela tentou gritar, mas ele disse. “Não adianta gritar. Você está no espaço, dentro de uma nave”.
            Dolores estava numa grande nave. Pela janela viu uma lua verde num céu azul. “Estamos muito longe da Terra”.
            “Porque me sequestrou?”
            “Vivo sozinho nesta nave viajando pelo espaço há muitos anos. Não tenho ninguém para mostrar o universo. Você quer casar e morar aqui comigo?”.
            Dolores pensou. Lembrou-se do gatinho que deixou sem leite no apartamento. E disse: “não, quero voltar pra minha casa”.
            Quando o dia amanheceu Dolores foi deixada na porta de casa. Entrou e deu leite para o gatinho e ficou lembrando que o seu sonho era um dia se casar e deixar aquela vida de prostituta.
            Em algum lugar do universo um homem sozinho olha para a lua verde no céu azul e chora de solidão.
             - A escritora Gabriela Ramos é daquelas que chegam à Oficina com mensagens de suspiros de amores sonhados comuns no Facebook. Desmotiva-se e desaparece. E volta com todo gás.  A partir de um tema sorteado Gabriela trabalhou tanto este conto que o tema original se perdeu e nos brindou com a palavra solidão, que poderia ser omitido no exercício inicial, mas que ganhou força no último parágrafo. Acredite que inicialmente este era um conto sobre o apocalipse e o pecado da prostituição.  O título pinçado numa das frases do conto é considerado o melhor titulo de um conto das Oficinas deste ano.
ISMÁLIA *
Escritora Arielle dos Anjos Batista
13 anos 7ª. Série
 
Quando eu enlouqueci fiquei na torre a sonhar. Olhei a lua no céu. Olhei outra lua no mar. Perdi-me em sonhos banhando-me ao luar. Eu queria subir ao céu. Eu queria descer ao mar.
E nesta loucura comecei a cantar. Eu estava perto do céu. Eu estava longe do mar. E com as asas de um anjo saltei a voar. Eu queria a lua do céu. Eu queria a lua do mar.
            As asas que Deus me deu ruflaram de par em par. Minha alma subiu à Lua no céu.
Meu corpo agora flutua no mar.
*Exercício de foco narrativo, baseado no poema Ismália de Alphonsus Guimaraens.
 
            A Escritora Arielle dos Anjos foi a aluna da Oficina que mais produziu textos. E faz e refaz. Inventa coisas mais malucas. No texto acima ela surpreendeu a todos e fez um exercício de adaptação da terceira para a primeira pessoa dos versos de Alphonsus Guimaraens. Valeu pela iniciativa e criatividade. Outros textos desta escritora serão publicados na proxima semana.

O Anão Dunga

Escritora Eleanai Souza
11 anos - 5ª. Série

            Numa praia deserta havia um anão chamado Dunga. Ele fugiu da casa dos sete anões e veio morar em Pernambuco, alugou uma casa e foi morar. No mesmo dia foi assaltado, levaram tudo até as cuecas. Dunga desesperado correu pelado na rua e foi na delegacia. O policial chamado Jorge pensou que Dunga era um tarado e prendeu ele. Depois o vizinho viu a casa vazia e foi na delegacia e pagou a fiança de Dunga e ele foi liberado. O policial disse “vá pra casa seu peladão”.
             O vizinho perguntou por que você é pequeno? E dunga respondendo disse “porque na minha época faltava fermento” e os dois começaram a rir e foram para casa.
            No outro dia Dunga foi tomar banho de mar e pegou uma doença de pele e disse “eu não aguento mais, tudo de errado acontece comigo”.
            Dunga foi atravessar a rua e um carro atropelou. Foi enterrado numa caixinha de sapato  rosa.

 * Nem tente cobrar muito de alguns alunos certo exagero no uso de pronomes ou que em vez de “prendeu ele” se ficaria melhor “o prendeu” ou “prendeu-o”. Eleanai Souza não aceita e morre de rir.  Não se consegue. E a própria linguagem coloquial que ela usa permite. Vale também pela criatividade e a forma como ela foi enxugando o texto e aproveitando parágrafos de vários textos anteriores,  que trabalhou até chegar ao conto acima.

sábado, 1 de dezembro de 2012

Oficina Literária na Escola Agrícola de Belo Jardim. Cerca de 60 alunos em duas turmas. Alto nível de produção de textos  e alunos antenados com a boa leitura. Fomos a convite do professor André Gonçalves foi um dos pontos altos das oficinas este ano.